Amores De Algodão
Eu sou e sempre fui puro amor. Sou feita disso.
Sou feita de babaquices infantis misturada a inocências ridículas.
Eu acredito em quase tudo que me falam quando eu amo alguém.
Sou mesmo incapaz de imaginar que alguém que está ao meu lado possa estar me desejando mal. Dificilmente reconheço a inveja das pessoas sobre mim.
Simplesmente não reconheço qualquer forma de trapaça voltada para mim quando amo alguém.
Não sou nem de longe precavida com as pessoas. Eu Não aceito essa Condição quando se trata de amor.
Quando o meu coração reconhece um novo morador meus olhos se abrem somente para o que há de mais puro e belo. Os meus amores são feitos de algodão mais macio planeta e eles formam uma cidade no meu coração. São todos perfeitos para mim, todos me completam do jeito que são. E não aceito que metam o bedelho! Passo por cima igual a um trator e mando meio mundo se calar se eu achar que alguém vale a pena! Mas a pouco tempo descobri que essa é a minha melhor e a minha pior virtude,paradoxalmente.
Amo com tanta intensidade que a arrogância do meu amor me cega!
Amo com tanta intensidade que a arrogância do meu amor me cega!
A luz é tão forte que é como se tivesse apertado os olhos com tanta força que só enxergo as "borboletinhas" e aqueles pontinhos pretos de quando se faz isso ou de quando olhamos pro Sol por muito tempo dando aquele breu meio luminoso...
Acontece que essa minha casa interior toda feita de algodão as vezes molha, desfia,murcha...
E nesse momento eu consigo olhar pela janela dos meus amados inquilinos e ver como são as suas casas, bem de perto, do lado de dentro. Por vezes, acabo vendo coisas que não queria ver...
E aí começa uma revolução terrível e devastadora.
E nesse momento eu consigo olhar pela janela dos meus amados inquilinos e ver como são as suas casas, bem de perto, do lado de dentro. Por vezes, acabo vendo coisas que não queria ver...
E aí começa uma revolução terrível e devastadora.
Nessa hora sinto a maior dor do mundo, uma dor tão aguda que vai gradativamente transformando todo algodão em pedra.
Me desespero e saio correndo tentando reformar tudo e colocar toda a maciez de volta no lugar mas nem sempre eu consigo.
E eu tenho que correr, porque os outros moradores já estão com medo das pedras entrarem em suas casas, e isso não seria justo, eu não posso deixar.
Fico mortificada com aquela situação de perigo.
E eu tenho que correr, porque os outros moradores já estão com medo das pedras entrarem em suas casas, e isso não seria justo, eu não posso deixar.
Fico mortificada com aquela situação de perigo.
Nessa hora, com muito pesar eu entrego a carta de despejo a quem de direito. Mas aquela casa que fora ocupada sempre ficará vazia. Somente esse mesmo morador pode ocupá-la novamente. Cada espacinho do meu coração tem uma espécie de código eterno que só aceita aquele mesmo morador para aquela mesma casa. O sentimento não muda. Mas tenho que fazer alguma coisa para não me transformar num monte de pedregulho duro e seco. É uma escolha das mais difíceis.
Quando me decepciono,o que era algodão vira pedra.
E não há tempo para perder.
Há uma vida inteira para viver.
A metáfora que eu faço das minhas relações é essa...
Minhas relações são sempre nessa ordem: expansão e ocupação ; contração e expulsão,assim como o Universo. Só ficará nessa cidade quem não me fizer empedrar porque enquanto a minha cidade interior for formada de algodão,esse movimento nunca desacomodará ninguém.
Aos prantos.
Sem mais...