quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Amores De Algodão




Eu sou e sempre fui puro amor. Sou feita disso. 
Sou feita de babaquices infantis misturada a inocências ridículas. 
Eu acredito em quase tudo que me falam quando eu amo alguém.
Sou mesmo incapaz de imaginar que alguém que está ao meu lado possa estar me desejando mal. Dificilmente reconheço a inveja das pessoas sobre mim.
Simplesmente não reconheço qualquer forma de trapaça voltada para mim quando amo alguém. 
Não sou nem de longe precavida com as pessoas. Eu Não aceito essa Condição quando se trata de amor. 
Quando o meu coração reconhece um novo morador meus olhos se abrem somente para o que há de mais puro e belo. Os meus amores são feitos de algodão mais macio planeta e eles formam uma cidade no meu coração. São todos perfeitos para mim, todos me completam do jeito que são. E não aceito que metam o bedelho! Passo por cima igual a um trator e mando meio mundo se calar se eu achar que alguém vale a pena! Mas a pouco tempo descobri que essa é a minha melhor e a minha pior virtude,paradoxalmente.
Amo com tanta intensidade que a arrogância do meu amor  me cega! 
A luz é tão forte que é como se tivesse apertado os olhos com  tanta força  que só enxergo as "borboletinhas" e aqueles pontinhos pretos de quando se faz isso ou  de quando olhamos pro Sol por muito tempo dando aquele breu  meio luminoso...
Acontece que essa minha casa interior toda feita de algodão as vezes molha, desfia,murcha...
E nesse momento eu consigo olhar pela janela dos meus amados inquilinos e ver como são as suas casas, bem de perto, do lado de dentro. Por vezes, acabo vendo coisas que não queria ver...
E aí começa uma revolução terrível e devastadora.
Nessa hora sinto a maior dor do mundo, uma dor tão aguda que vai gradativamente transformando todo algodão em pedra.
 Me desespero e saio correndo tentando reformar tudo e colocar toda  a maciez de volta no lugar mas nem sempre eu consigo.
E eu tenho que correr, porque os outros moradores já estão com medo das  pedras entrarem em suas casas, e isso não seria justo, eu não posso deixar.
Fico mortificada com aquela situação de perigo.
Nessa hora, com muito pesar eu entrego a carta de despejo a quem de direito. Mas aquela casa que fora  ocupada sempre ficará vazia. Somente esse mesmo morador pode ocupá-la novamente. Cada espacinho do meu coração tem uma espécie de código eterno que só aceita aquele mesmo morador para aquela mesma casa. O sentimento não muda. Mas tenho que fazer alguma coisa para não me transformar num monte de pedregulho duro e seco. É uma escolha das mais difíceis. 
Quando me decepciono,o que era algodão vira pedra. 
E não há tempo para perder. 
Há uma vida inteira para viver.
A metáfora que eu faço das minhas relações é essa...
Minhas relações são sempre nessa ordem: expansão e ocupação ; contração e expulsão,assim como o Universo. Só ficará nessa cidade quem não me fizer empedrar porque enquanto a minha cidade interior for formada de algodão,esse movimento nunca desacomodará ninguém. 
Aos prantos. 
Sem mais... 

segunda-feira, 17 de setembro de 2012


A Princesa Estrela e seu diamante precioso.




Em uma terra muito distante havia uma princesa chamada "Estrela".
Ela vivia  num palácio imenso,lindo e belo feito das pedras mais preciosas do mundo.
Ela era filha do meio do das 3 filhas do rei e da rainha desse reinado.
Seu pai ,o rei Probo e sua mãe, a rainha Vitória a criaram com todo o seu amor e orgulho.Eles acreditavam que a menina teria nascido com um diamante no lugar do coração e deveria ser muito amada por isso. Ela tinha uma coisa que ninguém tinha.
A ela foi ensinado toda a noção de amor, humildade, fraternidade, compaixão, orgulho, decência, moral, ética... Uma educação primorosa.
 As três filhas sempre foram tudo para eles e para todo o seu reinado.
No Reinaldo de amor desse Rei e Rainha só havia festa. E eles tinham muito prazer em mostrar o quanto suas filhas princesas eram especiais e diferenciadas.
A princesa mais velha  tinha as cordas vocais de um rouxinol e quando falava ao povo ou cantava todos se punham a admirá-la. A caçula tinha o poder de transformar tudo o que tocava em doces maravilhosos, tamanha era sua meiguice.
Desde muito pequena a princesa Estrela entendeu que tinha um "coração" que brilhava. Ela gostava de fazer seus números para encantar o povoado com beleza do seu diamante; ela abria seu peito e fazia números com seu "coração" reluzente encantando e impressionando todos do seu reino.
Cada vez mais a princesa Estrela aperfeiçoava os seus números. Ela vivia rodeada de elogios e se sentia  pessoa mais plena do mundo.
Até que um dia se tornou mulher e outros pensamentos começaram a rodear sua vida. Ela queria mostrar seu "coração" brilhante para outros povoados e reinados, ela queria mostrar ao mundo todo o que podia fazer com seu "coração". Ela desejava que todo no mundo a admirassem e ela acreditava que dessa forma estaria verdadeiramente feliz. Então ela saiu do seu reinado para mostrar seu "diamante" ao mundo. Mas o tempo passou e ela começou a questionar sua existência, os números já não a deixavam tão alegre como antes. Veio a tona um desejo antigo, escondido, mas que sempre esteve em sua essência  e só agora se manifestava. Ela queria investigar o coração dos outros.  A princesa Estrela queria estar perto deles e entender porque as outras pessoas não tinham o "coração" como o dela e principalmente se isso os fazia sofrer. Ela sentia necessidade de fazer alguma coisa por quem sofria.  Ela estava disposta a ver o máximo de corações de perto possível e se necessário fosse, doar a cada um deles um pedaço do seu diamante.
Nessa sua busca pela sua plenitude, ela foi deixando de se apresentar e se empenhou em distribuir pedacinhos de diamante a todos que ela achava que precisavam brilhar.
Mas ela tinha muitas dúvidas, tinha receio de que se acabasse todo o seu diamante, tinha medo de nunca mais poder fazer suas apresentações, se entristecia em nunca mais ouvir as palmas e ver as caras felizes do publico quando a luz dela os tocava e reluzia sobre os olhos do público, ela não queria perder a alegria de estar fazendo algo de que ela tanto gostava também. Ela sofria por imaginar perder sua pedra que era tão preciosa e bela. A princesa pensava que sem seu diamante nunca mais poderia dar e nem receber amor das outras pessoas. 
Até que um dia ela visitou um reino lindo onde todos os príncipes e princesas que não encontravam as respostas para seguirem seus caminhos se encontravam. Ela queria muito aliviar a sensação ruim que sentia e entender de vez qual era o seu caminho. Ela queria muito.  E lá, assim que chegou ela foi obrigada a dar o que restava do seu coração de diamante. Era a condição para poder entrar naquele reino e mudar sua vida.
A princesa Estrela não sabia o que fazer, pensou em voltar correndo para seu reino para poder guardar um pedacinho do diamante que ainda tinha, não sabia o que fazer, mas seu desejo de aliviar aquela sensação e se entregar ao inesperado era tão grande que ela doou todo o restante do seu diamante do peito.
...
A princesa Estrela se surpreendeu porque quando ela achou que não teria mais como sobreviver nasceu nela um coração de verdade, igualzinho o das outras pessoas, ela ficou tão feliz de ter sobrevivido que se desabou em lagrimas durantes horas a fio. E eis que aconteceu uma coisa mágica e curiosa seus olhos haviam virado diamantes e iluminavam tudo que ela olhava e ela começara a ver a vida de uma forma que ela jamais havia visto.
Ela nunca se sentiu tão feliz!
E o caminho da princesa Estrela havia apenas começado.
Ela enfim conseguiu colocar um coração de verdade no seu corpo e preciosidade nos seu olhar...

FIM.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

...



Quando eu era criança meu sonho era ter uma máquina fotográfica. Acho que temia que as coisas acabassem ou que de alguma forma fossem esquecidas, alguma coisa por aí.Queria capturar e guardar todos os momentos para que eles nunca se perdessem. A intenção não era a melhor imagem nem tão pouco fotografar. Era arquivar naquela imagem aquilo que eu tava sentindo! Quando fui a Uberlândia-MG num festival de dança da cidade lembro de ter visto a bailarina mais linda do mundo. Eu queria ter tirado uma foto dela, ou de mim olhando pra ela.Quando fiz 13anos,acho,minha vó Morena me deu uma máquina...não usei pra nenhuma viagem ou festa de imediato mas lembro que logo depois ela comprou um filme de 12 poses. No mesmo dia a gente tava conversando na sala, rindo, contando história...tava tão bom que eu tirava várias fotos dela. Ansiosa, no dia seguinte pedi a meu pai que mandasse revelar logo. Se eu soubesse que ela ia tão cedo teria tirado uma por segundo. Talvez ,se eu tivesse dado a máquina a ela ,ela poderia me mandar as  fotos do céu...
Ao longo do tempo fui aprendendo que tudo que a gente vive nos marca de alguma forma,que tudo vai virando historia. E que isso é natural. Tenho prazer de viver todas elas,coloco tudo de mim em todas elas. Nas histórias da minha vida e nos seus diversos capítulos meu único medo é  exatamente o mesmo medo de criança quando eu fazia as minhas fotos: de alguém abrir o filme antes da hora de revelar e os meus momentos serem simplesmente apagados como aquelas fotos que tirei da minha vó, como aquela foto preta bem na hora do parabéns em dia de aniversário.


Que os filmes nunca sejam queimados,amém!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Eu,você e os Outros.


Eu,você e os Outros.
Eu me entrego. Você não vê. Os outros me vêem.
Eu me mostro. Você não vê. Os outros se olham.
Eu te imploro. Você não vê. Os outros te apetecem.


Eu te amo. Você não vê. Os outros te ganham.

Eu me explodo. Você me vê. Os outros se recolhem.


(Eu não sem você os outros você não sem eu)
Eu? Não sem você. Os outros, você não. Sem eu?
(Eu sem você não os outros sem você eu não)
Eu sem você? Não, os outros sem você. Eu não.
(Eu você os outros não sem você não sem eu)

Eu, você, os outros. Não. Sem você?Não. Sem eu. 



quarta-feira, 16 de maio de 2012

Um copo de amnésia, por favor!


Tenho a impressão que até a hora da minha morte posso esquecer-me de tudo. Nunca dele! Não esqueço nada. NADA. Não esqueço o seu toque, como me abraçava, como me beijava; como respirava,como corria, como cheirava, como suava, como me olhava, como sorria, como vivia, como cantava , como me protegia como andava ,como falava, como comia, como dançava, como gargalhava, como gemia, como ficava, como gozava, como partia, como acordava, como me amava, como dormia, como brilhava, como chorava, como sentia... Eu queria tanto esquecer, mas obcecadamente eu gosto de lembrar.